Santos Paulo Miki, Gonçalo Garcia, Pedro Batista e companheiros, mártires, +1597
S. Paulo Miki
O Japão recebeu a fé cristã por meio de São Francisco Xavier, entre 1549-51. Após algumas décadas de cristianismo, o número de fiéis atingia 300000. Essa rápida expansão deveu-se a dois fatores: o respeito que os missionários jesuítas tinham para com o modo de vida dos japoneses e as crenças nipônicas que não eram de todo opostas ao cristianismo. Foi preciosa a colaboração dos elementos nativos.
Paulo Miki, nascido em 1564, de uma família abastada, tornou-se catequista. Admitiram a sua ordenação sacerdotal, pois a única diocese de Fusai ainda não havia recebido seu bispo. O imperador Toyotomi Hideyoshi (1587) de simpatizante tornou-se adversário dos missionários por causa da conquista da Coreia tendo então decretado a sua expulsão.
Alguns missionários, porém, não saíram. Ficaram escondidos. Alguns franciscanos espanhóis, guiados pelo padre Pedro Batista, chegaram ao Japão através das Filipinas e foram bem acolhidos pelo imperador. Mas, pouco depois, por animosidade para com os espanhóis e os ocidentais deu-se a ruptura. No dia 9 de dezembro de 1596 foram presos seis Franciscanos. Em seguida alguns terciários e catequistas (Paulo Suzuki) tiveram a mesma sorte.
Todos estes foram expostos a humilhações e arrastados de Meaco a Nagasaki para serem alvo de zombaria por parte do povo. Eram vinte e seis. O povo admirou a coragem que demonstravam. Foram crucificados sobre uma colina de Nagasaki no dia 5 de Fevereiro de 1597. Particularmente emocionantes foram as palavras de perdão e de testemunho evangélico pronunciadas por Paulo Miki, a serenidade e coragem de Luís Ibaraki (de 11 anos), de Antônio (13 anos) e de Tomás Kosaki (15 anos) que morreram entoando o salmo: “Meninos louvai ao Senhor…”
São Luís Ibaraki
Mártir japonês, terceiro Franciscano (1586-1597). Canonizado por Pio IX no dia 8 de junho de 1862.
Luís de Ibaraki, menino de 11 anos, é como a obra mestra pedagógica da escola de São Pedro Batista e de seus coirmãos. Órfão de pai e mãe, tinha vivido com seus tios, que o acolheram em casa como filho. Logo foi recomendado aos santos Leão Karasuma e Paulo Ibaraki, que foram seus preceptores.
Desejando fazer-se franciscano e sacerdote, foi recebido no seminário. Foram seus grandes amigos e colegas de martírio S. Antônio de Nagasaki, de treze anos e Santo Tomás de Kosaki, quinze anos. Sereno, cordial, afável passou como um meteoro de luz. Viveu como um anjo. Sempre o primeiro na oração, era acólito, cantor, servia com fervor na Santa Missa e ensinava catecismo aos meninos menores que ele, São Pedro Batista, deu-se conta rapidamente de sua boa índole e o mantinha sempre consigo nas celebrações litúrgicas e nas obras de assistência e de evangelização.
Seu fervor suscitava admiração até mesmo nos pagãos. A um nobre que tentou persuadi-lo a afastar-se da fé, respondeu: “Jamais me afastarás de minha fé, que me está muito arraigada. Antes, por que não te fazes cristão? Encontrarás o segredo da felicidade!”
A 3 de janeiro de 1597 começou a difícil viagem até Nagasaki. Em várias cidades foi exposto com os demais à burla do povo. No entanto, muita gente mostrava simpatia pelos mártires, especialmente pelo menino. Em Corazu, no caminho de Nagasaki, o governador Fazamburo tratou de convencer Luís a abandonar a fé e lhe ofereceu riquezas e honras para fazê-lo apostatar.
Ele respondeu que estava feliz por renunciar à sua vida e morrer por Jesus. Nos últimos dias os padres Francisco Pasio e João Rodrigues o assistiram. Recusou uma nova tentativa do governador que o incitava a renegar a Cristo em troca da vida e de riquezas. Ele respondeu: “De maneira alguma abandonarei a este Cristo que me está abrindo as portas do céu e me envia seus anjos para colocar em minha cabeça uma coroa de fúlgida glória. Fica tu com tuas riquezas que não quero. Contento-me somente com as do céu”.
Chegando à santa Colina de Nagasaki, beijou a cruz na qual deveria ser atado e martirizado. Recitou com Antônio e Tomás o salmo: “Louvai, meninos ao Senhor – Laudate pueri Dominum…”. Antes de ser atravessado pelas lanças dos soldados, gritou: “Paraíso! Paraíso!”
S. Gonçalo Garcia
Era natural da Índia, Baçaim, filho de pai português e mãe indiana, tendo sido aluno dos Jesuítas na sua terra natal. Viveu em Macau cinco anos como comerciante. Deixou esta cidade para vestir o hábito franciscano em Manila, donde partiu para o Arquipélago Nipônico em 1593, como intérprete dos missionários, sendo também excelente pregador. Foi martirizado (crucificado e trespassado por lanças) em Nagasaki, juntamente com S. Paulo Miki e os seus companheiros, a 5 de Fevereiro de 1597.