Casal de São José fala sobre sexualidade para religiosos reunidos no Sínodo dos Bispos
Hermelinda e Arturo Zamperlini cobraram uma maior clareza e atenção do clero para com as famílias sobre questões que envolvem sexualidade
Xandu Alves
São José dos Campos
Único casal brasileiro a participar do sínodo dos bispos sobre a família, que é realizado no Vaticano entre 5 e 19 de outubro, a dentista Hermelinda Zamperlini, 61 anos, e o engenheiro químico Arturo Zamperlini, 65 anos, de São José, cobraram maior clareza e atenção do clero para com as famílias sobre questões que envolvem sexualidade.
Convocado extraordinariamente pelo papa Francisco, o sínodo debate o tema: “Os desafios pastorais da família no âmbito da evangelização”.
Na última quinta-feira, o casal de São José falou sobre o tema sexualidade para os 253 participantes do sínodo, com maioria de religiosos.
“Santo Padre, padres sinodais, senhoras e senhores, se pelo menos os casais encontrassem luz e suporte junto ao clero já seria um grande alento. Muitas vezes os conselhos contraditórios só agravam sua confusão”, disseram Arturo e Hermelinda.
Entre outros assuntos, eles abordaram o uso de meios contraceptivos não naturais por casais católicos, como a pílula anticoncepcional e o preservativo, condenados pela Igreja Católica, que defende apenas o método natural.
Amor.
“Como o controle da natalidade tem se mostrado uma necessidade, os casais, na sua grande maioria, não rechaçam o uso de outros meios contraceptivos [além dos naturais]”, apontaram.
“Em geral, não os consideram como um problema moral. Devemos considerar, ainda, que as relações sexuais estão orientadas à transmissão da vida, mas também ao serviço do amor conjugal.”
Para os brasileiros, a Igreja deve encontrar uma orientação “fácil e segura, que responda às exigências do mundo atual, sem ferir o essencial da moral católica que precisará ser amplamente difundida”.
Gays.
Em meio às declarações do papa Francisco e de documento do sínodo pregando o acolhimento aos casais gays, Arturo e Hermelinda reforçaram a posição da Igreja de aceitar o casamento apenas entre homem e mulher.
“Deus nos criou homem e mulher, para que nos unamos numa só carne, para que nos amemos com o amor que vem d’Ele mesmo, para que nos construamos mutuamente através desse amor e para que geremos vida.”
E citando padre Henri Caffarel, fundador das Equipes de Nossa Senhora, movimento do qual eles são os coordenadores no Brasil, o casal de São José completou: “nenhum casal tem o direito de ser estéril”.
“Esterilidade não se restringe a não gerar filhos. Nós a entendemos como uma postura deliberadamente fechada ao dom criativo de Deus, que se expressa nas diversas dimensões do amor conjugal”.