POR QUE CLARAVAL?
Vale claro, vale da luz: Claraval, abadia cisterciense fundada por S. Bernardo de Claraval em 1115, na França. Este é o nome de nosso blog católico. Você nos perguntará: por quê?
Claraval significa vale claro, vale da luz. É o nome de uma abadia cisterciense fundada por S. Bernardo em 1115, na França. Mas, antes disso, há uma bela história; a história da “conversão” de um jovem de vinte anos. Foi assim…
Bernardo era de família nobre. Dotado de grandes qualidades intelectuais dedicou-se aos estudos, contrastando com seus irmãos, com freqüência ocupados com guerras. Provavelmente teria se dedicado a uma carreira acadêmica ou a um cargo importante na Igreja ou na Realeza caso um acontecimento não tivesse marcado profundamente sua vida. Quando estava com vinte anos, sua mãe Alice, que ele amava profundamente, faleceu. A morte o fez refletir sobre a existência humana e decidiu viver para Deus. A decisão que tomou mudaria não somente a sua vida mas a da Europa de seu tempo e marcaria profundamente a história da Igreja.
Na verdade, quando o jovem Bernardo, em 1100 comunicou a seus irmãos que iria ser monge em Cister (1), eles simplesmente não compreenderam. Primeiro porque em seus sonhos o viam destacando-se no mundo. Segundo porque não o imaginavam “enterrando” seu talento, naquela pobre casa onde habitavam alguns monges quase desesperançados. E se era para ser monge porque não entrar em Cluny, a maior ordem religiosa da época? Não. Bernardo não quis olhar para o que parecia tão grande. Pelo contrário, escolheu um local em que tudo era pequeno e parecia que ia morrer.
Na verdade, seus irmãos viam com olhos mundanos. Pensavam em poder e luxo. Não pense que eles eram maus. Não. Eram homens de sua época, com sonhos e ilusões. Afinal, não deixavam de ter suas razões. Viam o passado de uma ordem gloriosa que em seus primeiros anos teve 5 abades santos! Mas, por outro lado, não viam que naquele momento todo aquele brilho estava fenecendo. Bernardo escolheu o lugar aparentemente obscuro. Procurou a simplicidade e o serviço. Ele mesmo não sabia que era a chama que iria reavivar Cister. Talvez, porque assim como nós, Bernardo também não conseguia visualizar o “Plano de Deus”.
A ferrenha oposição dos irmãos fez o jovem fraquejar. Ele desistiu… por seis meses. A consciência não o deixou em paz. Ele sabia que Deus queria que renunciasse a tudo. A graça venceu. Bernardo decidiu ir para Cister. Mas, não foi só. Desta vez ele convenceu um tio, seus irmãos e muitos amigos. E assim ele e mais 31 companheiros compareceram a Cister onde pediram a um Santo Estevão Harding estupefato que os admitisse como monges.
Logo santo Estevão viu maravilhado, a grande alma, prudente, forte, madura, que Deus colocara em suas mãos. Assim, pouco tempo depois de sua entrada em Cister, envia-o como superior de um grupo de monges para fundar a abadia de Claraval. Bernardo tinha apenas 25 anos de idade.
O lugar da nova abadia era inculto e agreste, sendo por isso chamada deVale do absinto. São Bernardo transformá-lo-ia em Vale Claro, ou Claraval. De lá Bernardo iluminou com a luz de Cristo o século XII.
Nosso blog é uma homenagem a este santo extraordinário, doutor da Igreja. Considerado por seus contemporâneos o maior homem de seu século. Hoje, ele não aparece em nossos livros escolares. Os “vencedores” contam a história a seu modo…
É também uma homenagem minha, Valter de Oliveira, a um de meus maiores amigos. Amigo que ao ser admitido na Ordem Terceira do Carmo, em Bragança Paulista, escolheu o nome de Bernardo de Santa Maria.
Ele e eu ouvimos falar de S. Bernardo há 40 anos. Foram algumas aulas que tiveram como fonte um livro chamado Bernardo de Claraval, escrito por Albe Ludy. Um livro que encantou a nós dois (2). Tenho certeza que as graças que então recebemos como jovens colaboraram fortemente para que, em meio às lutas de nossas vidas, recebêssemos outros presentes de Deus. E não foram poucos.
Que S. Bernardo, doutor da Virgem, monge, que sabia perfeitamente que a vida contemplativa era “uma tarefa para o bem de toda a Igreja” e que retomou o conceito da “nobreza do trabalho” de S. Agostinho e de S. Bento (3) ajude a todos nós a santificar nosso trabalho cristão vivendo como contemplativos no meio do mundo.
(2) Com o tempo escreveremos artigos sobre a vida e a obra de S. Bernardo
(3)Bento XVI, Spes Salvi, 15).