“GOSTARIA QUE A OBRA FOSSE UMA GRANDE CATEQUESE PARA MUITAS PESSOAS”

Dom Fernando Ocáriz

A entrevista completa (para os assinantes do jornal) encontra-se neste link.

Recentemente, o senhor celebrou o 50º aniversário de sua ordenação sacerdotal. Poderia recordar o início de sua jornada como sacerdote?

Daqueles momentos, recordo o quanto me impressionava poder celebrar a Santa Missa todos os dias. Depois, não deixei de pedir ao Senhor que nunca me acostume com essa experiência, mesmo que já não seja algo novo como era na época. Foi São Josemaria quem acolheu o meu chamado ao sacerdócio, e, por isso, muitas vezes recorro a ele para pedir-lhe pelo meu ministério sacerdotal e pela felicidade e fecundidade de todos os sacerdotes do mundo.

Como definiria sucintamente o Opus Dei, que o senhor dirige hoje?

O Opus Dei é uma instituição da Igreja que procura semear a paz e a alegria de Cristo no meio do mundo. Com os nossos erros e acertos, procuramos levar Cristo aos ambientes familiares, profissionais, sociais etc. A Obra deseja ser para muitas pessoas como uma “grande catequese”, em união com a catequese que é realizada pelas paróquias e por tantas outras instituições da Igreja.

Quem são os maiores inimigos do Opus Dei hoje?

O principal inimigo não é externo, mas interno: refiro-me ao perigo do mundanismo, porque os fiéis do Opus Dei vivem imersos nas realidades do mundo, um mundo em grande parte descristianizado, e não estamos imunes a uma possível perda de vigor espiritual. Não considero inimigos aqueles que se opõem externamente ao Opus Dei de uma forma ou de outra. Certamente em muitos casos são pessoas pouco informadas, que não compreendem o espírito que anima o Opus Dei, ou pessoas que nos ajudam a ser melhores com as suas críticas, quando elas têm fundamento.

Encontro de Jovens com o Prelado do Opus Dei - Cooperadores do Opus Dei no  Brasil

Apesar disso, o Opus Dei continua a atrair muitos homens e mulheres.

Sim, mas naturalmente gostaria que muitas mais pessoas estivessem dispostas a levar a Igreja de Jesus Cristo a todas os ambientes de Croácia e do mundo, não apenas por meio do Opus Dei, mas também de tantas outras realidades evangelizadoras que florescem na Igreja.

Como o Opus Dei responde às atuais crises de desinteresse e abandono da fé?

Um dos principais meios é o acompanhamento espiritual e a formação das almas, uma a uma, sendo bons amigos e amigas, com grande respeito à liberdade de todos. Se por trás dos fenômenos sociais só vemos uma massa indiferenciada de pessoas, talvez tenhamos uma visão pouco cristã das coisas: cada pessoa é amada por Deus e merece todo o respeito e atenção da Igreja, porque Cristo morreu por cada uma. Um aspecto principal é ajudar as pessoas a valorizarem o tesouro dos sacramentos, especialmente a Eucaristia e a Penitência.

Como o senhor viu a crise causada pelo coronavírus?

Vejo isso como um apelo a viver para os outros, num espírito de solidariedade humana e de caridade cristã. A pandemia, como disse o Papa assim que ela começou, nos lembra que ninguém se salva sozinho, que dependemos uns dos outros e que todos temos algo a fazer no trabalho comum de cuidar do mundo.

A Prelazia que o senhor dirige responde diretamente ao Santo Padre. Como o senhor vê o papel do Papa Francisco no mundo atual?

Na realidade, não só os fiéis do Opus Dei, mas todos os católicos dependem diretamente do Papa, embora também tenham outras dependências na Igreja. Por outro lado, a nossa dependência do Papa, como a de tantas outras circunscrições da Igreja, é mediada pela Congregação para os Bispos e por outros organismos da Santa Sé.

Quanto ao papel do Papa, penso, voltando ao que disse antes, que precisamente neste mundo em que a pandemia nos obriga a colocar muitas coisas em discussão, sua presença paterna é mais necessária do que nunca. Por exemplo, muitas pessoas me falaram sobre o impacto que tiveram com a imagem da Praça de São Pedro vazia e do Papa confortando e abençoando a todos como Vigário de Cristo.

O Papa Francisco tem críticos dentro da própria Igreja. Os católicos podem criticar o Papa?

A história nos ensina que em todos os pontificados houve momentos de fortes críticas, por um motivo ou outro. Quanto à sua pergunta sobre a legitimidade das críticas, eu lhe diria com o nosso fundador, São Josemaria, que penso que o Papa, vigário de Cristo, deve ser sempre amado e não criticado, seja ele quem for.

Em agosto, o senhor visitou a Croácia, entre outros lugares. Qual foi a finalidade da sua visita e a sua mensagem para as pessoas com que se encontrou em Zagreb?

Foi uma das minhas primeiras viagens pastorais desde o início da pandemia. O objetivo principal era estar com as pessoas da Prelazia. Não fui à Croácia para transmitir uma mensagem especial, mas para acompanhá-los, embora naturalmente tenha partilhado algumas coisas que estão no meu coração: falei-lhes de amor à Igreja e ao Papa, de união com os bispos, de perseverança na vida de fé, da missão apostólica própria de todos os cristãos e, neste contexto, do valor da amizade e de tantas coisas que surgiram nas conversas familiares. Encorajei todos a serem muito gratos a Deus pelo dom da fé e a testemunhar, no trabalho e na vida diária, a alegria de ter encontrado Cristo.

Fonte: https://opusdei.org/pt-br/article/mons-ocariz-gostaria-que-a-obra-fosse-uma-grande-catequese-para-muitas-pessoas/

 (entrevista por Darko Pavičić , publicada originalmente em vecernji.hr )

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