Meninos, ouvi. Sabemos que era um jovem e que cometera pecados horríveis.
Mas tinha fé e, às vezes, punha-se a pensar na hora da morte e na eternidade… e aquele jovem sentia que o desespero o arrastava à condenação eterna.
De vez em quando sentia um desejo ardente de voltar ao bom caminho, de converter-se a Deus, de fazer penitência. Entretanto, do fundo da alma parecia que uma voz lhe gritava:
– Não há perdão para ti.
Ao passar um dia por uma igreja, não pôde vencer o desejo de entrar. Qualquer coisa o atraía. E acertou encontrar-se diante do Cristo crucificado. Rezou e com os olhos rasos de lágrimas, disse:
– Senhor, haverá ainda misericórdia para mim?
E ouviu uma voz que lhe dizia:
– Teus pecados serão perdoados, quando tiveres chorado muito.
– Senhor – replicou o jovem – chorarei toda vida; mas quisera ter certeza de que chorei bastante e de que me perdoaste.
Então o divino Crucificado,estendendo a mão, entregou-lhe um cálice e disse:
– Toma-o. Quando o encheres de água, será sinal de que teus pecados te foram perdoados.
Tremendo de comoção tomou o penitente o precioso cálice.
Pouco distante dali havia uma grande pedra. Das entranhas daquela rocha brotava uma fonte.
– No jato daquela fonte encherei o meu cálice.
Subiu ao alto do morro. Acercou-se da rocha. Encostou o cálice à água, mas… a fonte secou.
– Secou-se a fonte – diz consigo o pecador- mas não secará a torrente que corre atrás daquelas montanhas.
E subiu aos montes e desceu aos vales e, por fim, chegou à suspirada torrente. Mas, quando quis encher o cálice… a torrente secou.
– Secou-se a fonte e secou-se a torrente – murmurou o jovem; certamente quer Deus que eu faça penitência e busque com trabalhos e suores a água do perdão. Detrás daqueles montes, do outro lado destas terras, está o mar. Secou-se a fonte secou-se a torrente. . . não secará o mar. Nas águas salgadas do mar encherei o meu cálice.
E pôs-se a caminho. Andou muito através de campos, montes e vales e, finalmente, do alto da gigantesca serra contemplou o mar distante- O’ mar – exclamou – és a minha esperança… em tuas águas inesgotáveis encherei o meu cálice.
E desceu e correu ansiosamente… Já estavam muito perto as praias do mar.
Dá um grito de alegria e avança com o cálice na mão para enchê-lo nas ondas que vinham beijar-lhe os pés… Mas, de repente, vê com horror que as ondas se afastam e fogem e o mar retrocede diante dele…. Cai de joelhos o pobre jovem e não se atreve a erguer os olhos ao céu; inclina a cabeça e rompe em copioso pranto de arrependimento.
Chorou muito, muito. Quando voltou a si, quando quis enxugar a última lágrima de seus olhos inflamados, viu que o cálice estava cheio de água, da água de suas lágrimas…
Aí está: essa é a água que lava nossas almas e nos obtém o perdão.
Fonte:
http://www.saopiov.org/search/label/Tesouro%20de%20Exemplos#ixzz3N1LxKDaz
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