No último domingo, dia 01 de novembro, fui com Sonia à missa das 8:30, na Capela do Sion, em Higienópolis. Terminada a Santa Missa, despedimo-nos de Nosso Senhor como fazemos habitualmente e vimos, ainda sentados no banco, do outro lado do corredor, Dr. Ives e sua esposa, Ruth. Terminavam suas orações. Fomos em direção a eles com a intenção de cumprimentá-los rapidamente, para não atrapalharmos esse momento sublime da ação de graças. Dr. Ives, entretanto, sempre com seu modo gentil sorriu e fez um gesto para que eu me aproximasse. Toquei-o levemente no ombro. Ele, então, mostrou-me um livro e disse-me uma frase que não compreendi num primeiro momento. Ele olhou-me e disse:
– É seu.
Surpreso, peguei o livro em minhas mãos e olhei o título:
“Minhas reflexões sobre “Caminho”. Anotações sobre os pontos 001 a 999 de “Caminho” de S. Josemaría Escrivá”. (1)
Naturalmente fiquei muito agradecido, feliz e comovido pelo belíssimo presente. Não foi o primeiro que me deu. Agora, receber um presente desses, logo depois da comunhão de um domingo, nem sei o que dizer.
Já em casa, abri o livro na página de apresentação onde Dr. Ives explica sua obra e fui ver suas anotações sobre os primeiros pontos de “Caminho”.
Como “aperitivo” apresento ao amigo leitor alguns deles comentados. Em itálico é o original de São Josemaría Escrivá.
2. Oxalá fossem tais teu porte e tua conversação, que todos pudessem dizer quando te vissem ou te ouvissem falar. “Este lê a vida de Jesus Cristo”.
Anotação: Vale mais no cristão o exemplo que as palavras. As palavras, porém, têm que ser edificantes como as atitudes. Só assim podemos ser chamados imitadores de Cristo.
3. Gravidade. – Deixa esses meneios e trejeitos de mulherzinha ou de moleque. Que teu porte exterior seja o reflexo da paz e da ordem de teu espírito.
Anotação: Quanto mais tivermos gravidade no nosso relacionamento com os outros, melhor. Não uma gravidade que distancia, que assume ares de superioridade, mas natural, afetuosa, com o devido respeito a Deus Pai de quem somos filhos. Não podemos ser moleques, nem artificiais, mas temos que inspirar paz, como consequência de nossa ordem interior.
5. Acostuma-te a dizer que não.
Anotação: Acostuma-te a dizer “não”, não é fácil. Muitas vezes, por fraqueza, outras para não ser indelicado, outras para que o respeito próprio não seja desfigurado perante terceiros e, muitas vezes, apenas para ficar bem ou não ter problemas, dizemos sim. E terminamos pagando um preço superior àquele que pagaríamos se tivéssemos dito não. Dizer não é próprio dos fortes e dos limpos e transparentes.
11. Vontade. – Energia. – Exemplo. O que é preciso fazer, faz-se… Sem hesitar… Sem contemplações.
Sem isso, nem Cisneros, teria sido Cisneros, nem Teresa de Ahumada, Santa Teresa… nem Iñigo de Loyola, Santo Inácio…
Deus e audácia! – Regnare Christum volumus”; queremos que Cristo reine!
Anotação: Três virtudes. Ter vontade. Exercê-la com energia. Servir de exemplo. Tudo deve ser feito sem hesitações e sem contemplações. Inúteis considerações que podem representar atraso, condescendência, covardia ou preguiça devem ser esquecidas.
Cisnero, Teresa, Inácio foram santos e deixaram rastro porque tiveram vontade, energia e deram exemplo.
Temos que fazer com que Deus reine entre os homens. Por isto, precisamos de Deus, mas precisamos ter audácia.
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É isso amigos. Fica o meu convite para que todos leiam tão bela obra. Duplamente bela. Encantadoramente edificante.
Nota 1. O livro é edição da Cultor de Livros, São Paulo, 2020