A NECESSIDADE DA ORAÇÃO

Não sei se você é um homem ou mulher de oração. Não sei se tem fé. O que sei é que há quase 60 anos comprometi-me a procurar ser fiel a Deus. O que implica em muita coisa.

De lá para cá muita coisa aconteceu. Muitas boas, algumas más. Vi muitas coisas maravilhosas. Também vi misérias. Às vezes parecia que minha fé crescia e que me inundava de felicidade. Noutras tudo parecia escuro e mal sabia se realmente tinha fé.

De qualquer modo, uma coisa sempre tive claro em minha mente. Só cresce e persevera quem reza. E a fé católica nos ensina que a oração que visa o nosso bem é sempre atendida.

Mas, uma coisa é o que diz a inteligência. Outra o que sentimos. E nem sempre nossa parte sensível nos convida para o bem. E aí esquecemos o que realmente é uma vida de oração.

Hoje encontrei um texto de São Josemaría Escrivá que trata do assunto. É pequeno mas diz muita coisa. Pode ajudar a cada um de nós. (V.O. – Olivereduc)

“SENHOR, NÃO SEI REZAR!”

São Josemaria Escrivá

Se de verdade desejas ser alma penitente – penitente e alegre -, deves defender, acima de tudo, os teus tempos diários de oração – de oração íntima, generosa, prolongada -, e hás de procurar que esses tempos não sejam quando calhar, mas a hora certa, sempre que te seja possível. Não cedas nestes detalhes. Sê escravo deste culto cotidiano a Deus, e eu te asseguro que te sentirás constantemente alegre. (Sulco, 994)

Quando vejo de que modo alguns formulam a vida de piedade, a relação de um cristão com o seu Senhor, e me apresentam essa imagem desagradável, teórica, formalista, infestada de cantilenas sem alma, que mais favorecem o anonimato que a conversa pessoal, de tu a Tu, com o nosso Pai-Deus – a autêntica oração vocal jamais significa anonimato -, lembro-me daquele conselho do Senhor: Nas vossas orações, não queirais usar muitas palavras, como os pagãos, pois julgam que, pelo seu muito falar, serão ouvidos. Não queirais, portanto, parecer-vos com eles, porque vosso Pai sabe de que coisas tendes necessidade, antes que vós lho peçais. E comenta um Padre da Igreja: Penso que Cristo nos manda que evitemos as longas orações; porém, longas não quanto ao tempo, mas pela multidão interminável de palavras. O próprio Senhor nos apresentou o exemplo da viúva que, à força de súplicas, venceu a renitência do juiz iníquo; e aquele outro do inoportuno que chegou a altas horas da noite e, mais pela sua teimosia do que pela amizade, conseguiu que o amigo se levantasse da cama (cfr. Lc XI, 5-8; XVIII, 1-8). Com esses dois exemplos, manda-nos que peçamos constantemente; não, porém, compondo orações intermináveis, mas contando-lhe com simplicidade as nossas necessidades.

De qualquer maneira, se ao iniciardes a vossa meditação não conseguis concentrar a atenção para conversar com Deus, se vos sentis secos e a cabeça parece não ser capaz de expressar uma só ideia, ou os vossos afetos permanecem insensíveis, aconselho-vos o que sempre procurei praticar nessas circunstâncias: colocai-vos na presença do vosso Pai e manifestai-lhe ao menos isto: “Senhor, não sei rezar, não me ocorre nada para te contar!…” E estai certos de que nesse mesmo instante começastes a fazer oração. (Amigos de Deus, 145)

FONTE: https://opusdei.org/pt-br/dailytext/

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