1˚ de novembro: Todos os Santos

Evangelho da Solenidade de todos os Santos (Ano A) e comentário do evangelho

Vendo aquelas multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se e seus discípulos aproximaram-se dele. Então abriu a boca e lhes ensinava, dizendo:

­­– Bem-aventurados os que têm um coração de pobre porque deles é o Reino dos céus!

Bem-aventurados os que choram, porque serão consolados!

Bem-aventurados os mansos, porque possuirão a terra!

Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados!

Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia!

Bem-aventurados os puros de coração, porque verão a Deus!

Bem-aventurados os pacíficos, porque serão chamados filhos de Deus!

Bem-aventurados os que são perseguidos por causa da justiça, porque deles é o Reino dos céus!

Bem-aventurados sereis quando vos caluniarem, quando vos perseguirem e disserem falsamente todo o mal contra vós por causa de mim. Alegrai-vos e exultai, porque será grande a vossa recompensa nos céus, pois assim perseguiram os profetas que vieram antes de vós.

Comentário

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Hoje a Igreja comemora todas aquelas pessoas que viveram a amizade com Deus em seu caminhar terreno e por isso, entraram em sua glória. Alguns santos são elevados aos altares como modelos de virtude e amor de Deus. Muitos outros, porém, deixaram dia após dia uma marca de santidade que talvez tenha passado despercebida aos olhos humanos, mas que nunca escapa ao olhar atento e amoroso de Deus.

“Todos os santos é a festa da santidade discreta, simples – comentava Fernando Ocáriz, prelado do Opus Dei – A santidade sem brilho humano, que parece não deixar rastro na história; e que, no entanto, brilha diante do Senhor e deixa no mundo uma semeadura de Amor, da qual nada se perde”[1].

Para o evangelho da Missa deste dia de todos os Santos, a liturgia escolheu a passagem das bem-aventuranças segundo São Mateus, para enfatizar que elas constituem o equivalente da santidade, tanto da santidade que se torna famosa, por assim dizer, e destinada a alguns, como daquela que só é conhecida plenamente no Céu.

Os evangelhos trazem duas versões do discurso de Jesus sobre as bem-aventuranças: a de Lucas, com suas quatro bem-aventuranças e quatro ais, e a de Mateus, que hoje contemplamos e que inclui nove bem-aventuranças. Mateus mostra Jesus, sentado no alto de um monte, ensinando ao povo, relembrando Moisés que entregou aos israelitas as tábuas da Lei depois de ter permanecido no alto do monte Sinai com Deus. Jesus desce à terra e ensina com autoridade, para levar à plenitude aquela primeira lei e convida os homens a serem perfeitos como o Pai celestial (cfr. Mt 5, 48).

Cada uma das bem-aventuranças, com a sua linguagem desconcertante, suscitou numerosos comentários ao longo da história da Igreja. Como síntese, o Catecismo explica que “as bem-aventuranças traçam a imagem de Cristo e descrevem sua caridade”[2]. Jesus é o principal bem-aventurado e feliz, porque viveu na terra em união amorosa com o Pai, o que constitui a maior felicidade, acima de qualquer tribulação.

As bem-aventuranças são, por isso, um compêndio da santidade e uma chamada a ela, já que “iluminam as ações e atitudes características da vida cristã; são promessas paradoxais que sustentam a esperança nas tribulações; anunciam as bênçãos e recompensas já obscuramente adquiridas pelos discípulos; são iniciadas na vida da Virgem Maria e de todos os santos”[3].

Jesus está nos convidando, em palavras do Papa Francisco, a enveredar “pelo caminho das Bem-aventuranças. Não se trata de fazer coisas extraordinárias, mas de seguir todos os dias este caminho que nos conduz ao céu, nos leva à família, nos guia para casa. Por conseguinte, hoje divisamos o nosso futuro e festejamos aquilo para que nascemos: nascemos para nunca mais morrer, nascemos para gozar da felicidade de Deus! O Senhor encoraja-nos e a quem empreende o caminho das Bem-aventuranças diz: ‘Alegrai-vos e exultai, pois grande é a vossa recompensa no céu’ (Mt 5, 12). A Santa Mãe de Deus, Rainha dos santos, nos ajude a percorrer com decisão o caminho da santidade; ela, que é a Porta do céu, introduza os nossos entes queridos defuntos na família celeste”[4].


[1] Mensagem do prelado, 1 de novembro de 2017.

[2] Catecismo da Igreja Católica, n. 1717.

[3] Idem.

[4] Papa Francisco, Angelus, 1 de novembro de 2018.

https://opusdei.org/pt-br/gospel/evangelho-solenidade-todos-santos-1-novembro/

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