Bispo classifica como “muito injusto” filme da Netflix “Dois Papas”

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Dom José Ignacio Munilla

MADRI, 30 Dez. 19 (ACI).- O Bispo de San Sebastián (Espanha), Dom José Ignacio Munilla, criticou duramente e descreveu como “muito injusta” a representação feita pelo filme da Netflix “The Two Popes” (Dois Papas) tanto de Bento XVI como do Papa Francisco.

“O filme é muito injusto com relação à imagem que pretende dar dos dois papas. O filme é um reflexo fiel não de como são estes dois papas, mas de como foram manipulados. Acho que é um filme que seria perfeito para estudar como aconteceu, desde o primeiro momento, a manipulação de dois papados”, disse Dom Munilla, em 27 de dezembro, durante a emissão do programa Sexto Continente da Rádio Maria.

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Cena do filme
O encontro que não aconteceu

O Prelado esclareceu que os produtores do filme, que se concentram em várias reuniões imaginárias entre o Papa Bento XVI e o Cardeal Jorge Mario Bergoglio, no período entre os conclaves de 2005 e 2013, tentaram obter a aprovação da Santa Sé para poder gravá-lo no Vaticano, mas não foi permitido.

“No Vaticano, houve uma não colaboração na produção deste filme”, ​​destacou Dom Munilla.

Em sua crítica, o Bispo de San Sebastián explica que “Dois Papas” pretende “que gostemos de Jorge Mario Bergoglio, que vai ser o sucessor do Papa Bento XVI, e que se gere em nós uma antipatia em relação a tudo o que este último representou”.

Além disso, destaca que Bento XVI é apresentado como uma “pessoa estranha, egoísta, sem empatia, incapaz de dialogar com o mundo”, enquanto Jorge Mario Bergoglio é “exatamente o oposto”.

“Tudo isso tem um objetivo que está absolutamente a serviço da heresia de nossos dias, que é a contraposição entre a verdade e a caridade, que se apresenta de uma maneira recorrente”, afirmou.

Nesse contexto, “Bento XVI representa a fidelidade ao dogma, à verdade, à fé (…) e Jorge Mario Bergoglio é uma pessoa que vem de ter pisado o mundo, é um forte inimigo das posições de Bento XVI, e o que entende é que a Igreja deve se abrir ao mundo e assumir seus postulados; sem se importar com o que acontece com o aborto, a contracepção, a homossexualidade, o sacerdócio das mulheres etc. etc.”, explica o Bispo.

Nesse contexto, enfatizou que “essa contraposição entre verdade e caridade é uma manipulação absoluta”, porque “a verdade e a caridade são uma só coisa em Cristo”.

Dom Munilla indica que o filme faz um desfavor ao Papa Francisco, porque “embora pretenda fazê-lo simpático“, apresenta-o como “alguém que recebe sem discernimento o espírito do mundo, assumindo todos os postulados da secularização, como se não tivesse nada a dizer diante do relativismo”.

O Bispo de San Sebastián lamenta que o filme se submeta à “tese” da “cultura dominante”, isto é, daquela “projeção de que na Igreja há conservadores, progressistas, de direitas e de esquerdas, e que tudo seria visto a partir destes parâmetros, que são absolutamente alheios e estranhos ao ser e à vida da Igreja”.

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Igreja que evangeliza
Deus é o centro, modelo e razão de viver

“Sim, existem duas igrejas, mas não são a conservadora ou a progressista, a de direitas ou a de esquerdas, mas uma Igreja que evangeliza e uma Igreja que se mundaniza. Esse é o risco que temos. Ou evangelizamos ou nos mundanizamos”, esclareceu.

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Igreja que mundaniza
O homem deve ser aceito em todas as suas condições. Não há verdade a ser ensinada. A Igreja está atrasada e precisa ser reformada.

Segundo Dom Munilla, os parâmetros nos quais “Dois Papas” se baseia “pretendem manipular a vida da Igreja e, acima de tudo, nos fazer assumir uma heresia, o antagonismo entre verdade e caridade: uma contraposição absurda e um dualismo inexistente no Evangelho”.

“O bom desse filme é que é chato e me parece impossível que tenha sucesso entre o grande público. Seus diálogos são bastante insuportáveis… e isso é uma boa notícia”, acrescentou.

Por outro lado, o bispo acredita que os católicos devem ter sentido crítico para discernir essa situação.

“Eu me faço uma pergunta: e o que fazemos com a mensalidade da Netflix?”, questionou, indicando em seguida que uma “boa contribuição” seria destinar o dinheiro para instituições de caridade e evangelização. “Destinar nossos recursos econômicos onde se evangeliza e não onde nos mundanizamos”, concluiu.

“Dois Papas” estreou em 20 de dezembro na plataforma Netflix e foi concebido sob a direção de Fernando Meirelles.

Bento XVI é interpretado por Anthony Hopkins e o Cardeal Bergoglio, o futuro Papa Francisco, é interpretado por Jonathan Pryce.

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