O Sínodo da Amazônia: uma nova eclesiologia?

Valter de Oliveira

Um católico sério não pode deixar de achar estranho – para dizer pouco – certa teologia defendida por muitos participantes do Sínodo da Amazônia. Ela prega um novo modo de entender a Igreja e o mundo, bem como a revelação, a natureza, todas as religiões.

Devido a isso entende-se o convite de representantes de indígenas, e até de pessoas sem fé, inclusive defensoras do aborto, para participar do Sínodo.

Ritual indígena no Vaticano

Causou espanto o espaço dado ao paganismo no início da Conferência. Teríamos tido autênticos rituais na presença das mais altas autoridades da Igreja. Foi apresentada uma imagem da Mãe Terra. O fato causou espanto e perplexidade em muita gente.

Diante das imagens alguns apressaram-se a defender o ocorrido como: “simples respeito pela cultura indígena”. “Sinal de uma maior abertura ecumênica”.

A repercussão negativa fez com que o Vaticano soltasse uma nota afirmando que tal culto não ocorrera. As imagens teriam sido mal interpretadas.

Controvérsia à parte, o que na verdade temos, repito, é uma forte corrente dentro da Igreja, ligada à Teologia da libertação, que prega um modo diferente de nos relacionarmos com as religiões, incluindo as práticas pagãs e indígenas. No caso do contato com estas, deveríamos ver nelas sinais que permitiriam um aprofundamento da ação de Deus na história. Os bispos e teólogos que a defendem têm uma nova eclesiologia. O culto à Mãe Terra faz parte dela.   Daí o uso de expressões estranhas, nada consoantes com a verdadeira teologia católica ou mesmo a filosofia cristã. Tal é o caso do que chamam “as dores da Mãe Terra”.

Cardeal Müller

É neste sentido que o  cardeal Müller, ex-prefeito da Congregação da Doutrina da Fé, em pronunciamento público, advertiu “ sobre os perigos do conceito de “cosmovisão presente no Instrumentum Laboris. “Uma cosmovisão com seus ritos e a magia ritual da “Mãe Natureza” (…) “que não pode de forma alguma ser um enfoque adequado para a vinda do Deus Trino, em Sua Palavra e em Seu Espírito Santo.  (1).

No documento, a “cosmovisão” dos povos indígenas é um modelo de ecologia integral, que seria uma concepção na qual espíritos e divindades agem “com e no território, com e em relação com a natureza”.

(…)

 “Devemos rejeitar absolutamente expressões como ‘conversão ecológica’, argumentou Müller. “Há apenas a conversão ao Senhor, e, como consequência, há também o bem da natureza.”

Ritual dentro da Igreja de Santa Maria emTraspontina, a poucos metros do Vaticano

“Não podemos fazer do ecologismo uma nova religião, estamos aqui em uma concepção panteísta, que deve ser rejeitada. O panteísmo não é só uma teoria sobre Deus, mas também um desprezo pelo homem. Deus que Se identifica na natureza não é uma pessoa. Deus criador, ao contrário, criou-nos à Sua imagem e semelhança. Na oração, temos uma relação com um Deus que nos escuta, que entende o que queremos dizer, não um misticismo em que podemos dissolver a identidade pessoal.”

Ele continuou:

Diante do Santíssimo

“A nossa mãe é uma pessoa, não é a Terra. E a nossa mãe na fé é Maria. A Igreja também é descrita como mãe, como a noiva de Jesus Cristo. Mas essas palavras não devem ser infladas. Uma coisa é ter respeito por todos os elementos deste mundo, outra coisa é idealizá-los ou divinizá-los. Essa identificação de Deus com a natureza é uma forma de ateísmo, porque Deus é independente da natureza. Eles ignoram totalmente a Criação.”

O cardeal Burke também assinalou, enfaticamente, que a visão de Igreja que querem apresentar no Sínodo não é a da Igreja Católica. Ademais ele considera a nova eclesiologia uma forma de panteísmo.

Ritual indígena na Igreja de Santa Maria, diante do Santíssimo

Uma objeção: os bispos e cardeais que criticam o Instrumentum Laboris vão contra o Papa? Perderam a união com a Igreja? Os que defendem o Sínodo, protestando fidelidade à Igreja e ao Papa são os verdadeiros defensores da Fé? É a estes que devemos seguir?

O cardeal Müller responde que, na verdade, esta é uma tática e um “esforço dos incomodados para reprimir suas críticas.

Acontece, diz ele, que “o Instrumentum Laboris não tem nenhum valor magisterial”, portanto, “só ignorantes podem dizer que aqueles que o criticam são inimigos do Papa”

Realmente, se lermos os ataques feitos a ele e outros membros da hierarquia da Igreja, não encontramos análises e refutações do mérito da questão. Em enorme número de artigos encontramos os seguintes “argumentos” : -“Müller e outros adversários do Sínodo são defensores de uma ultrapassada concepção de Igreja”; – “são homens recalcados e vingativos por terem perdido espaços dentro da Igreja”, “são pessoas que estão apegadas a legalismos doutrinários, que não compreendem a compaixão, etc, etc. Não se discute doutrina.

O cardeal, conhecendo as críticas que recebe, responde:

 “Infelizmente, esse é o truque deles para evitar qualquer diálogo crítico. Se você tenta fazer uma objeção, você é imediatamente rotulado como inimigo do papa” (2).

Quem tem razão?

A Igreja nos ensina: Está certo aquele que é fiel ao magistério da Igreja de sempre. Ora, A Igreja de Cristo nada tem a ver com aquela que os progressistas querem que passemos a venerar.

E como saber que a eclesiologia deles é falsa?

Fácil. Ver o que eles afirmam sobre isso. Em entrevistas, em suas obras.

Leonardo Boff

Dito isto peço-lhe que leia, aqui no site, o que Leonardo Boff diz sobre essas duas igrejas em confronto. É um exemplo paradigmático de quem se diz defensor do sínodo e do papado.

Para facilitar mais ainda, no artigo 3, colocamos trechos de um documento da Igreja que nos explica qual é a correta eclesiologia.

Então, fica fácil ver quem está com a verdade. .

Fontes:  

  1. https://www.acidigital.com/noticias/cardeal-muller-apresenta-objecoes-ao-instrumentum-laboris-do-sinodo-da-amazonia-21543

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