S. João Crisóstomo
Cristo deu a Sua vida por ti e tu continuas a detestar aquele que é um servo como tu? Como podes avançar em direção à mesa da paz? O teu Mestre não hesitou em suportar por ti todos os sofrimentos, e tu recusas-te a renunciar sequer à tua cólera? […] «Aquele ofendeu-me com gravidade, dizes tu, foi tantas vezes injusto para comigo, chegou mesmo a ameaçar-me de morte!» O que é isto? Ele ainda não te crucificou, como os inimigos do Senhor O crucificaram. Se não perdoas as ofensas do teu próximo, o teu Pai que está nos céus também não te perdoará as tuas faltas (Mt 6, 15). O que te diz a tua consciência quando pronuncias estas palavras: «Pai Nosso, que estás nos céus, santificado seja o Vosso nome» e o que se segue? Cristo não fez diferenças: Ele derramou o Seu sangue por aqueles que derramaram o Dele. Serias capaz de fazer algo semelhante? Quando te recusas a perdoar ao teu inimigo, é a ti que causas mal, não a ele […]; o que tu preparas é o teu próprio castigo no dia do julgamento.
[…]Escuta o que diz o Senhor: «Quando fores apresentar a tua oferta sobre o altar e ali te recordares de que o teu irmão tem alguma coisa contra ti, deixa a tua oferta diante do altar, vai primeiro reconciliar-te com o teu irmão e depois volta para apresentar a tua oferta». […] Porque o Filho do homem veio ao mundo para reconciliar a humanidade com o Pai. Como diz São Paulo: «Agora Deus reconciliou consigo todas as coisas» (Col 1, 22); «pela cruz […], levando em Si próprio a morte à inimizade» (Ef 2, 16).
(São João Crisóstomo – Homilia sobre a traição de Judas, 2, 6)