Valter de Oliveira
Às vezes assustamo-nos com o que acontece em nossas vidas. Pode ser um problema de saúde ou um percalço no trabalho; coisas que não esperávamos e que nos abalam. Perguntamo-nos: por que aconteceu isso comigo? Tudo parecia bem e agora, eis que essa doença – minha ou de algum dos meus – colocou minha vida de cabeça para baixo. Se o problema foi a perda de um emprego do qual dependíamos queremos saber porque fomos considerados descartáveis. E o incômodo é maior ainda se acreditamos que houve injustiça e se aqueles que poderiam ter feito algo nada fizeram.
Já vi pessoas nessas condições ficarem desanimadas. Em alguns casos também ressentidas.
Ressentidas contra colegas e superiores. Também ressentidas contra Deus. Pensam que Ele nada fez por elas. Ele não teria chegado à hora certa.
É o caso de perguntarmos se não fomos nós que, talvez sem percebermos, afastamo-nos de Sua bondade infinita.
Na verdade esquecemo-nos de uma verdade fundamental: Cristo é sempre nossa segurança. Claro que somos sensíveis aos acontecimentos, que sentimos a dor e o abandono, a injustiça e a ingratidão, mas é exatamente aí que devemos confiar mais na Providência.
Deus sempre chega na hora certa. Nós é que não conseguimos vE-lo.
Não nos esqueçamos de que estar perto de Jesus, ainda que pareça que Ele dorme, é estar seguro. Em nossos piores momentos Jesus não se esquece de nós. “Nunca falhou aos Seus amigos”, nunca.
Pessoalmente, permitam-me a confidência, considero-me um homem de pouca fé. Ainda assim, por pura bondade de Deus, eu O sinto perto de mim em todas as dificuldades pelas quais passei. Talvez pela fé de minha esposa…
Na hora de carregar a cruz – que é sempre indispensável e um tesouro para qualquer cristão – é bom lembrarmos as palavras de São Paulo: “Se Deus é por nós, quem será contra nós?… Quem nos separará do amor de Cristo? A tribulação, a angústia, a perseguição, a fome, a nudez, o perigo, a espada?…” Mas em todas as coisas vencemos por Aquele que nos amou. Porque estou persuadido de que nem a morte, nem a vida, nem os anjos, nem os principados, nem o presente, nem o futuro, nem as virtudes, nem a altura, nem as profundezas, nem nenhuma outra criatura poderá separar-nos do amor de Deus.
Ultimamente muitos de meus amigos passaram por duras provações. Dois morreram, em seus 50, 60 anos, com um sofrimento heroico, mas sereno. Outros estão também preocupados com doenças que surgiram de repente, mas continuam firmes na luta. Vários passam por dificuldades financeiras ou profissionais. Aqui alguns estão serenos, outros passam por momentos de dúvida e desalento, principalmente descrentes em relação ao ser humano.
Fica aqui uma palavra de especial carinho para um grande amigo que mora nos EUA e que está passando por uma grande provação.
Que as palavras de S. Paulo sejam de consolo para todos. Temos a Deus por Pai e a Maria por Mãe. Eles estão sempre do nosso lado.
Com a ajuda deles digamos sempre, como o fiel Jó: “Bendito o dia que me viu nascer, benditas as estrelas que me viram pequenino”.