OS INCRÉDULOS E O TABERNEIRO

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Valter de Oliveira

 

Alguns não têm fé porque acreditam que não se pode harmonizar a fé com a razão. Escandalizam-se com os dogmas da Igreja. Como aceitar a infalibilidade papal, a Imaculada Conceição de Nossa Senhora, o milagre da Eucaristia? Como é possível aceita-los racionalmente?

Curiosamente esses racionalistas idolatram a ciência e imaginam que aceita-la é negar a transcendência. Pior: consideram hipóteses científicas como verdades provadas e absolutas. Caem no cientificismo

Outros são incrédulos porque  ficam chocados com os escândalos do clero ou se indignam com certas páginas tristes da história da Igreja. Confundem o humano com o divino.

Entretanto, não é apenas por falhas de inteligência que muitos homens perdem a fé. Thamer Tóth, em sua obra Creio em Deus (1) afirma:

“…é o nosso coração quem mata a fé em nós, e não a nossa cabeça. O homem incrédulo não sofre da cabeça mas padece do coração”.

Homens sem fé (ou com uma “fé” falsa) se incomodam com as verdades da fé e, sobretudo, com a  moral que é proposta por ela. A vida conforme Deus incomoda. Cegos, são incapazes de  ver e amar a beleza da Cruz de Cristo. Desejam escapar da lei divina e extasiam-se quando a mídia noticia que, dentro da própria Igreja, há quem proponha uma maior abertura para novas ideias que nos permitiriam viver conforme nossas paixões.. Acorrentados a seus vícios e imersos em um mundo que exala os fétidos odores do pecado são incapazes de sentir a fragrância divina de uma vida católica.

Termino citando uma história contada no livro acima:

“Era um modesto taberneiro de aldeia: começou a faltar-lhe o dinheiro. Nem sequer mudou de roupa, senão como estava, com a roupa do trabalho, cheio de manchas e sebento, sobe ao carro e dirige-se à cidade vizinha, ao melhor armazém de vinhos para comprar algumas pipas. Prova todos os vinhos e nenhum lhe agrada.

-“Não há que dizer… é um vinho bom… é vinho bom… mas tem um cheiro…”

O dono do armazém apresenta-lhe então o melhor dos seus vinhos. É demais, a resposta é a mesma: “É um vinho muito bom… mas também tem um cheiro!”

Então o comerciante examina mais de perto o cliente, cujo vestido está cheio de sebo, de azeite e de manchas e diz-lhe:

“Muito bem, olhe, volte para casa, tire essa roupa, tome um banho, vista outra limpa, e depois volte e, então me dirá se continua a sentir o cheiro… ao provar o vinho”.

Em suma, ao incrédulo também podemos dizer: Vá até à Igreja, confesse-se, despe esse vestido manchado e fétido, cheio de sebo de pecado, começa uma vida nova e limpa e veja como será capaz de sentir a fragrância da fé.

Quanto mais procurarmos ter uma vida limpa tanto mais nossa alma será capaz de aceitar e amar a santa religião que Deus nos deu.

Nota:

1. Tóth, Mons. Thamer, Creio em Deus, Fé e Existência de Deus, Livraria Apostolado da Imprensa, Porto, 1936, p. 69-70.

 

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